O foco na racionalização dos gastos relacionados à incorporação de novas tecnologias no setor de saúde, que criaram um aumento vertiginoso dos custos, resultou na necessidade de aperfeiçoar a avaliação da relação entre custos e benefícios nas tecnologias médicas a partir da década de 80.
A avaliação tecnológica em saúde (ATS) pode ser definida como uma pesquisa que sintetiza as evidências científicas disponíveis sobre todas as implicações possíveis e mensuráveis da utilização de uma dada tecnologia. É um processo formal para prática da Medicina Baseada em Evidência (MBE).
Nos países desenvolvidos, houve uma ligação mais efetiva das atividades de ATS com as de elaboração de políticas de saúde e, mais tarde, com a implementação do conhecimento produzido para planejadores/gerentes e clínicos. Países em desenvolvimento como o Brasil tendem a incorporar as tecnologias médicas sem o devido cuidado em sua análise de custo x efetividade, resultando em uma assistência cara, iníqua e de baixa efetividade, quase sempre ignorando a melhor evidência científica disponível.
As avaliações tecnológicas frequentemente abrangem o conhecimento relativo às dimensões de segurança e risco, eficácia, efetividade, custos e custo-efetividade das alternativas de tecnologias médicas para um mesmo problema de saúde, levando ainda em conta seu potencial de equidade e questões éticas, culturais, financeiras e comerciais.
Essas novas formas de pesquisa requerem expertises e metodologias que ainda estão, geralmente, fora do foco da formação médica, conformando um trabalho de equipes multidisciplinares de subespecialistas e pesquisadores para cada caso, incluindo áreas biomédicas básicas, epidemiologia, bioestatística e economia, cuja complexidade da tarefa esta longe de ser equacionada.
Em junho de 2007, criamos no Einstein o Comitê de ATS que tem como objetivo principal avaliar e decidir pelas novas tecnologias que serão incorporadas pela Prática Médica do Hospital. Somos a única instituição privada no Brasil que elaborou uma política de avaliação das novas tecnologias e que delibera as questões de tecnologias baseadas nos critérios relevantes e no impacto de sua incorporação, bem como na avaliação das consequências diretas e indiretas das tecnologias já incorporadas.
Autora: Juliana Carrijo, especialista em ATS do Einstein.